Quarta-feira, 8 de Agosto de 2007
A Câmara de Mação vai candidatar-se a uma das dez centrais de biomassa previstas pelo Governo, alegando que a zona do Pinhal tem condições preferenciais para acolher um desses equipamentos.
Após o Governo ter anunciado, a 17 de Janeiro, um concurso para a construção de dez centrais de biomassa, a autarquia constituiu uma parceria com uma empresa privada para instalar um equipamento deste tipo na Zona Industrial da Fileira Florestal, em Vale de S.Domingos.
A futura central "terá um aproveitamento de vapor de água, bem como a produção expectável de 10 MW de potência instalada, que poderá ser incorporada na Rede Eléctrica Nacional", refere a autarquia em comunicado.
Para Saldanha Rocha, presidente da Câmara de Mação, este projecto revela-se de "extrema importância" para o concelho, que tem uma "densa mancha florestal e possui, inevitavelmente, muita matéria- prima".
Em complemento, "a existência de várias e importantes indústrias de madeira no concelho também constitui uma mais-valia, já que disponibilizam resíduos florestais que podem ser igualmente aproveitados", considerou o autarca.
Além disso, a central de biomassa poderia valorizar outros resíduos, como o bagaço da vindima que ainda não tem um destino ideal.
Com a construção da central, será reforçada a "limpeza das florestas e a consequente redução do risco de ignição de incêndios", um dos problemas que o concelho vive de forma regular, apesar dos esforços de ordenamento do território.
A aposta passa, portanto, pela "eliminação sustentada de resíduos" e por uma tentativa de "evitar a propagação de fogos", considerou o autarca, recordando que o projecto irá também contribuir para a valorização do tecido económico da região.
A empresa com a qual a autarquia estabeleceu a parceira é a Enervento, que tem projectos em Mação desde 1993, entre os quais os quatro parques eólicos existentes no Concelho.
"Para além da produção de energia eólica, fortemente implementada no concelho", a autarquia irá fazer "os esforços para que a energia fotovoltaica seja igualmente uma realidade no concelho, em estreita cooperação com a Enervento", acrescentou Saldanha Rocha.
Desde o anúncio do Governo, as Câmaras Municipais da Alta Estremadura (Leiria, Porto de Mós, Batalha, Ourém, Marinha Grande e Pombal) e a autarquia de Seia mostraram-se disponíveis para acolher centrais de biomassa.
A valorização da biomassa florestal faz parte da estratégia do Governo para promoção e desenvolvimento das energias renováveis.
O aproveitamento da biomassa florestal para fins energéticos é encarado, não só como uma oportunidade de negócio e de criação de emprego em zonas rurais, como é um dos instrumentos de luta contra os incêndios, através da limpeza das florestas.
Permite ainda reduzir a importação de combustíveis fósseis, como o petróleo, e a emissão de dióxido de carbono (C02) para a atmosfera.
Portugal tem como objectivo atingir em 2010 uma meta de 150 megawatts de energia eléctrica produzida através da biomassa.
Actualmente existem em Portugal apenas duas centrais termoeléctricas ligadas à rede eléctrica que utilizam a biomassa florestal como principal combustível- a central da EDP, em Mortágua, e a Centroliva, em Vila Velha de Ródão.
Existem também nove centrais de cogeração instaladas nas indústrias do sector florestal, que fazem aproveitamento de biomassa para produção de calor, como a Portucel, Amorim Revestimentos, Stora Celbi, Soporcel, SIAF e Companhia de Celulose do Caima.
O Ribatejo