Portugal tem a pior performance da Europa do Sul no combate aos incêndios. Em 2005, apesar de não ter tido a maioria do número de ocorrências, Portugal teve 57 por cento da área ardida, o que significa que ardem mais hectares nos incêndios em Portugal. Espanha, por exemplo, teve 36 por cento do número de fogos, mas apenas 31 por cento da área ardida escreve o Diário de Notícias na edição desta terça-feira.
O relatório de 2005, publicado pelo Centro Comum de Investigação (CCI) da Comissão Europeia no âmbito do projecto Sistema Europeu de Informação em Fogos Florestais (EFFIS), assinala, por exemplo, os «excelentes resultados» alcançados pela Itália na área da prevenção de fogos florestais e no sistema de combate. A média de cada incêndio do país é inferior a 6 hectares. Em Portugal, é de 9,5 e na vizinha Espanha apenas de 6,85 hectares.
Os números não dão conta de uma situação totalmente desconhecida, mas revelam uma dimensão preocupante: só Portugal ultrapassou em 2005 a média dos últimos 25 anos.
Causas humanas
As causas para estes maus resultados são quase sempre humanas. Quer sejam criminais, negligentes ou organizacionais. Este ano, a Polícia Judiciária (PJ) já abriu 694 investigações por suspeita de fogo posto. No decorrer destas acções foram detidas 30 pessoas, algumas das quais reincidentes.
Nos últimos cinco anos, foram condenadas ou estão ainda em cumprimento de pena 270 pessoas. Estes dados do Ministério da Justiça incluem os incêndios dolosos mas também os que resultam de casos de negligência. Mas uma maior «dureza» nas penas para a negligência tem sido uma das coisas mais reclamadas. E algo que o novo Código Penal já prevê.
«Este ano, os fogos não estão a iniciar-se no interior das matas, mas junto às populações, o que demonstra que há práticas negligentes», declarou fonte da PJ. O problema prende-se com a «pressão populacional» que ocorre nesta altura do ano nas zonas do interior. Seja a chegada de emigrantes ou a deslocação de pessoas das grandes cidades para as terras de origem. «As pessoas chegam e começam a limpar o quintal, depois queimam o entulho e começam os problemas», diz a PJ.